A Maçonaria no 3° Milênio

A GLADA - Grande Loja Arquitetos de Aquário - é uma Ordem Maçônica regular, legítima, independente, soberana, moderna e reconhecida internacionalmente, que admite, em igualdade de condições, homens e mulheres dispostos a construir a sociedade do Terceiro Milênio dentro dos ideais da Maçonaria Universal. É uma Entidade iniciática, filosófica, cultural, filantrópica e sem fins lucrativos.

Foi fundada a 12 de janeiro de 1986, em São Paulo, Brasil, com quatro Lojas, e com a participação de Mestres Maçons pertencentes a diversas Potências Maçônicas (Grande Oriente do Brasil, Grande Loja Maçônica do Estado de São Paulo, Direito Humano, Grande Oriente Paulista e Grande Loja da Itália). Para essa fundação, a GLADA não promoveu qualquer cisão ou dissidência, tendo contado em seu início com a cooperação fraternal de Irmãos de praticamente todas as Obediências existentes em São Paulo. As quatro Lojas fundadoras constituem hoje, juntamente com a primeira Loja de Rito Moderno, Urânia nº 11, as Lojas Patrimônio Histórico da GLADA.

Sua filosofia, expressa em seus Princípios Normativos, Visão Histórica, Constituição, Códigos e Regulamentos Gerais, pode ser resumida como segue:

1. Respeito à liberdade de consciência e total tolerância como condições para todo trabalho maçônico;

2. Respeito à tradição maçônica, tal como expressa no simbolismo operativo dos antigos rituais, obedecendo a divisão nos três graus simbólicos e primando pela qualidade das Instruções ministradas em Loja;

3. Aceitação de Candidatos de ambos os sexos, sem distinção de raça, credo ou condição social, desde que preenchido o fundamental requisito de serem livres e de bons costumes;

4. Reconhecimento, sob qualquer circunstância, de todo Maçom – homem ou mulher --que tenha sido regularmente iniciado (a) numa Loja;

5. Reconhecimento de toda Loja que tenha sido regularmente fundada por sete Mestres Maçons;

6. Respeito aos Princípios Maçônicos de Fraternidade Universal, Liberdade Humana e Igualdade Social, instituindo como um dever de todo Maçom lutar incansavelmente pela paz, união, progresso e felicidade do Gênero Humano;

7. Respeito às leis justas do País, rejeitando qualquer Landmark ou lei maçônica que viole a Constituição Brasileira, especialmente no tocante à igualdade de direitos e às garantias individuais e de liberdade de consciência.

Ao contrário das Ordens Maçônicas tradicionais sujeitas aos dogmas da Grande Loja da Inglaterra, a GLADA repudia energicamente o Landmark nº 18, cujo texto, datado de 1723, literalmente proíbe o ingresso na Maçonaria "de escravos, mulheres e aleijados".

Em consenso com a comunidade internacional, representada pelas entidades mais avançadas do mundo, projetadas e fundadas por maçons, e que defendem a liberdade de consciência e a igualdade de direitos -- a exemplo da UNESCO -- a GLADA entende que este Landmark é um anacronismo absurdo, e se constitui numa flagrante contradição com os princípios de igualdade, liberdade e fraternidade sempre propugnados pela Maçonaria; é, além disso, um modo cruel e vergonhoso de qualificar seres humanos e determinar arbitrariamente quem tem e quem não tem direito à Iniciação.

Um Maçom instruído, não importa a qual das Potências Maçônicas do mundo esteja vinculado, perceberá que este Landmark, além de ilegal, é frontalmente contrário a tudo que prometemos durante o Ritual de Iniciação: o universalismo de pensamento, a liberdade de consciência, a luta contra a tirania, a superstição, o dogmatismo, o fanatismo e a discriminação, além do respeito às Leis Justas de nosso país.

Decorridos quase 300 anos, o mundo evoluíu consideravelmente, tanto em termos materiais como espirituais e filosóficos. Hoje, a escravidão é unanimemente considerada um opróbrio, e se ainda existe em algumas partes do Globo, é por conta da omissão ou da conivência de governos corruptos.

A mulher, por outro lado, deu sobejas provas de que pode ser tão competente quanto qualquer homem, em qualquer atividade – mesmo naquelas que requeiram coragem e resistência física; neste século, ela alcançou, por seu próprio mérito, sensibilidade e inteligência, as mais elevadas posições sociais, políticas, científicas, técnicas, esportivas, militares e intelectuais na sociedade humana. A discriminação de que a mulher ainda é objeto no Brasil, para fins de ingresso na Ordem, é absolutamente ilógica, ilegal, contrária à História e ao Progresso, e tem raízes numa educação arcaica e no mais desprezível e vulgar preconceito.

A Maçonaria se orgulha – com justa razão – dos movimentos e conquistas históricas dos quais participou e proclama os méritos de seus mártires e heróis. Giuseppe Garibaldi foi um deles, tido como o herói de dois mundos, lutando pela unificação italiana e nas lides revolucionárias da América Latina. O que nunca se menciona é que ele foi filiado a Lojas MISTAS, sob o Rito de Memphis-Misraim, e que também fez iniciar sua esposa e companheira, a brasileira Anita Garibaldi.

Garibaldi, quando Soberano Comendador Grão Mestre da Maçonaria em Palermo, a 25 de maio de 1864, decidiu fundar para o bem da Maçonaria italiana Lojas Femininas, na prática Mistas, já que os irmãos participavam normalmente de seus trabalhos. Em seus Placets, constam as Iniciações de sua filha Teresita e de Luigia Candia, esposa do irmão do Grau 33º Paulo de Michelis. Estes não foram fatos isolados, já que em 1867 o General Grão Mestre concedia o Placet de Exaltação a Mestre Maçom à senhora Suzanna Helena Curruthres.

Oswald Wirth, notável ocultista, maçom, astrólogo, alquimista e hermetista, cujos símbolos decoram Lojas no mundo inteiro, (e todas no Brasil) e cujas Instruções profundas são um precioso tesouro para os estudos de todo Mestre Maçom, foi membro de Lojas Mistas no Chile. Simón Bolívar, o grande Libertador da América, era membro de Lojas Lautarinas – MISTAS; ele igualmente fez iniciar sua companheira Manuela de Sáenz.

Aldo Lavagnini, o popular Magister das nossas Instruções Simbólicas e Filosóficas, também foi filiado a Lojas Mistas. A lista é longa e contém honrados nomes da História do mundo!

Em março de 1988, no IV Congresso de História e Geografia realizado em Londrina pela Academia Maçônica Brasileira de Letras, a GLADA propôs a extinção sumária do Landmark nº 18 e a revogação das restrições à Adoção de Lowtons das meninas, filhas de maçons: entre 274 presentes -- maçons representantes de vários Estados brasileiros e de diversas Obediências -- nada menos que 270 votaram a favor da proposta !

Conclui-se que o povo maçônico, em sua esmagadora maioria, é contrário à discriminação das mulheres e das meninas. Hoje, talvez em função do árduo trabalho da GLADA desde 1986, já se notam, nas Potências tradicionais, movimentos, ainda que tímidos, para mudar este estado de coisas; por exemplo, na Grande Loja Maçônica do Estado de São Paulo, já se concede Adoção de Lowtons para as meninas, mas, por causa de divergências com certa ala conservadora, se omitiu o aventalzinho, que sempre foi parte integrante da tradicional cerimônia.

Quanto ao deficiente físico, a sociedade civil, nas últimas seis décadas, vem empregando o melhor de suas energias e criatividade para integrá-lo na sociedade; dispende milhões em aparelhos especiais que lhe possibilitem diminuir a desvantagem com a qual veio ao mundo; modifica suas escolas, vias de trânsito e meios de transporte, livros, estádios, métodos de ensino e de comunicação de massa, e mesmo o comportamento das pessoas, visando à recepção do deficiente no que mais se aproxime de uma igualdade de condições.

Assim, a GLADA entende ser injusto e desumano discriminá-lo em algo que diz respeito apenas e tão somente ao auto-aperfeiçoamento moral, filosófico, ético e espiritual dos seres humanos, qual seja a Iniciação na Gnose. Também neste setor se notam movimentos de mudança; já soubemos de um deficiente físico que foi iniciado numa Potência Maçônica tradicional.

O consagrado autor maçônico Joseph-Marie Ragon, em seu Rituel de l’Apprenti Maçon, nos conta como foi iniciado um surdo-mudo, a 11 de abril de 1845, na Loja Monte Sinai, jurisdicionada ao Supremo Conselho Escocês, em Paris, sob a direção do Venerável Barach Weil. O fato poderia servir como exemplo às Potências tradicionais de todo o mundo, que rejeitam candidatos portadores de deficiência física; segundo Ragon, o Irmão iniciado naquela ocasião, dotado de uma inteligência superior, deu a todos o testemunho inquestionável de que, mesmo desprovido de um dos cinco sentidos, e incapaz de expressar-se através da voz, um ser humano pode vir a ser um grande maçom.

Pode-se dizer que a França é, desde o século XIX, um dos países do mundo que mais naturalmente aceitou a participação da mulher nos trabalhos maçônicos. O Direito Humano foi aí fundado em 1893, por Georges Martin e pela escritora Marie Deraismes. A Grande Loja Feminina da França, que hoje abriga mais de 9 mil filiadas, em 250 Lojas, foi fundada em 1945, com apoio da Grande Loja da França. Mantém relações de amizade e mútuo reconhecimento com a Federação do Direito Humano da França (misto, com 10 mil obreiros) e também com o Grande Oriente da França (masculino, com 60 mil obreiros) e com a Grande Loja da França (masculina, cerca de 20 mil membros).

Há entre essas Obediências convênios de visitação recíproca, em reuniões mistas, e elas se reúnem conjuntamente pelo menos uma vez por ano, em sessão regular, em grau de Mestre, para confraternização e principalmente para debater assuntos de interesse comunitário e nacional.

Em qualquer cidade francesa, é possível encontrar um "prédio maçônico", com vários Templos, e em cada um deles funciona uma ou mais Lojas de diferentes Obediências. Tratam-se irmãos e irmãs com mútuo respeito e profundo espírito de cooperação. "Nenhuma Loja nova – masculina, feminina ou mista -- fica sem teto" – garantem-nos Irmãos franceses. Sempre uma Loja já existente a acolherá em suas instalações, cedendo espaço e comodidades para seu funcionamento.

Desde fevereiro do ano 2000, o Grande Oriente da França, embora permaneça uma obediência masculina, praticamente aboliu o Landmark que alija as mulheres da Iniciação, e autorizou qualquer Loja de sua jurisdição a receber a visita de mulheres maçons, dando-lhes irrestrita liberdade de pronunciar-se em Loja e participar dos trabalhos. A grande maioria das lojas aderiu. (Consulte o site do Grande Oriente da França: www.godf.org, no item "La Foire aux Questions").

Como evolução natural, e demonstrando mais uma vez que é um modelo maçônico de vanguarda, na atualidade (2013) o Grande Oriente da França admite mulheres em igualdade de condições com os homens.

Existem hoje na França cerca de dez Obediências maçônicas, congregando aproximadamente 100 mil maçons, dos quais perto de 50 mil pertencem ao Grande Oriente da França. Entretanto, a única Potência francesa reconhecida pela Grande Loja da Inglaterra é a Grande Loja Nacional Francesa, fundada em 1913 – masculina, é claro -- que congrega apenas 8 mil membros. Todas as restantes Potências são consideradas irregulares !...(Pasmem)

Em 2011, atualizando suas diretrizes político-maçônicas, a Grande Loja Nacional Francesa se afastou da Grande Loja Unida da Inglaterra, e passou a se aproximar do Grande Oriente da França-GODF, trocando a intervisitação, reconhecendo o GODF como o lider mundial da maçonaria, tanto por sua atuação no mundo com o  reconhecimento dos direitos da mulher, como por sua filosofia liberal e adogmática.  

O GODF é a Potência maçônica com mais serviços prestados à humanidade, tendo formado os mais destacados homens que trabalharam pelo progresso da civilização.

É preciso considerar ainda o fato que os 92 mil maçons franceses (ditos) irregulares são os mais ativos, os que mais participam dos eventos históricos do país, e os que apresentam as mais importantes contribuições para a Paz e para o benefício da comunidade mundial -- como a União Européia, o Parlamento Europeu, a Corte Européia, o reerguimento da Maçonaria nos países do Leste Europeu e nos que foram longamente dominados por ditaduras, a luta pelo laicismo e a defesa dos direitos da mulher em todo o mundo.

Qualquer mulher maçom que se faça reconhecer como tal, às portas do Grande Oriente da França, tem livre entrada no grande prédio da Rue Cadet nº 16, em Paris. Identificando-se na rua como maçom, não somente na França, mas em qualquer lugar da Europa, uma mulher receberá assistência fraternal, da mesma forma que qualquer homem, e o Irmão que lhe prestar ajuda não terá qualquer expressão de estranheza, dúvida ou desdém, como é tão comum na América Latina.

Bem ao contrário do que ocorre tão freqüentemente em nosso País (principalmente no interior), não há em toda a Europa um só maçom que desconheça a existência de lojas femininas ou mistas. Como não há um só que se atreva a dizer que sejam "irregulares" ou "espúrias" – termos que ainda ouvimos aqui e ali da boca de incultos maçons brasileiros.

Em dezembro de 1988, as 4 Obediências Belgas – Grande Loja Feminina da Bélgica, Grande Loja da Bélgica (masculina), Federação Belga do Direito Humano (mista) e Grande Oriente da Bélgica (masculina) assinaram uma declaração conjunta, cujos termos são os seguintes:

"Co-herdeiras de vários séculos de história maçônica, durante os quais tantos maçons ilustraram a história de nossas regiões, as Obediências signatárias declaram participar da mesma ordem inciática, tradicional e universal, que, baseada na Fraternidade, constitui, sob o nome de Franco-Maçonaria, uma comunidade de pessoas probas e livres; embora conservando cada uma sua soberania e sua autonomia de decisão, as Obediências constatam que, para além da sua diversidade e da variedade de suas Lojas, elas têm em comum:

1. A iniciação e a prática do método simbólico; 2. A preocupação de trabalhar pela melhoria da condição humana sob todos os aspectos; 3. A defesa da liberdade de consciência, de pensamento e de expressão; 4. A busca da harmonia entre todos os seres humanos pela conciliação dos opostos; e 5. A rejeição de todo dogma."

Este é um reflexo do espírito do CLIPSAS – Centro de Ligação e Informação das Potências Signatárias do Apelo de Estrasburgo, que vem promovendo a união e mútuo reconhecimento das Potências Maçônicas no mundo inteiro -- mistas, femininas ou masculinas -- desde janeiro de 1961, sem prestar contas à Grande Loja da Inglaterra. É parte do movimento da Maçonaria Liberal, que soma em suas fileiras uns 70%, provavelmente mais, da população maçônica da Terra. Pode-se dizer, sem risco de errar, que este é o rumo que tomará a Maçonaria no presente Milênio. E não será uma ilha que bloqueará a evolução natural da Sublime Instituição.

O mundo mudou um bocado depois de 1717. Resta saber se a Maçonaria vai acompanhar a evolução da sociedade e adaptar-se ao mundo novo que está nascendo, ou se vai continuar submissa aos critérios ultrapassados da Inglaterra, defendendo teorias medievais sobre escravos e senhores ou sobre o cérebro menor das mulheres.

O endurecimento, a petrificação são sinais de estagnação e morte. O simples conceito da imutabilidade dos Landmarks é chocante para uma entidade que pretende lutar pelo progresso da Humanidade. Não passa de puro dogmatismo e é contrário a todos os ensinamentos de nossas Iniciações.

O grande compromisso da Maçonaria é com a Verdade e com o Ser Humano, e não com costumes próprios de uma época ou de um lugar particular do mundo.